"Sou o que se chama de pessoa impulsiva. Como descrever? Acho que
assim: vem-me uma idéia ou um sentimento e eu, em vez de refletir sobre
o que me veio, ajo quase que imediatamente. O resultado tem sido meio a
meio: às vezes acontece que agi sob uma intuição dessas que não
falham, às vezes erro completamente, o que prova que não se tratava de
intuição, mas de simples infantilidade.
Trata-se de saber se devo
prosseguir nos meus impulsos. E até que ponto posso controlá-los. [...]
Deverei continuar a acertar e a errar, aceitando os resultados
resignadamente? Ou devo lutar e tornar-me uma pessoa mais adulta? E
também tenho medo de tornar-me adulta demais: eu perderia um dos
prazeres do que é um jogo infantil, do que tantas vezes é uma alegria
pura. Vou pensar no assunto. E certamente o resultado ainda virá sob a
forma de um impulso. Não sou maduro bastante ainda. Ou nunca serei.”
Clarice Lispector
Sábado, 4 de Junho de 2011 às 21:23
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